
BA 168 | Entenda o momento de escassez generalizada de autopeças
Por Redação Balcão Automotivo05/11/2020 18:32:48
E como as indústrias, distribuidores e varejistas estão lidando com essa situação
Quem poderia imaginar que alguns setores da economia, como é o caso de autopeças, teriam ainda neste ano uma recuperação em “V”? O que significa uma retomada da atividade econômica ou até superando o nível imediatamente pré-queda. Passado o período da pandemia em que o setor viveu uma forte retração, com fechamentos de fábricas ou redução de turnos, a demanda por autopeça voltou com tudo, surpreendeu muitos, e o que o mercado está enfrentando é um forte desabastecimento de peças.
Fundador da 2D Consultores Associados, Marco Flores explica que vários fatores têm levado ao desabastecimento. Especialista em autopeças, já no primeiro semestre ele previa que haveria um aumento de demanda, mesmo naquele cenário em abril e maio em que tudo indicava que o Brasil viveria uma depressão econômica, ou seja: trimestres consecutivos de queda do PIB. “E a minha leitura era que o mercado voltaria em V. Talvez se eu tivesse uma indústria com dois mil funcionários, a minha previsão fosse mais contida”.
Previsão que foi certeira e ele acredita que isso não será somente uma bolha no segmento automotivo, ao contrário, a demanda aumentará e um dos principais fatores está relacionado à segurança sanitária. “Entendo que é uma nova demanda relacionada à mobilidade urbana e vários estudos mostram isso. O que vai criar uma exponencial utilização de veículos próprios”.
Sobre os fatores que resultaram na falta de peças, Flores começa por falar dos insumos. “Insumos para a indústria é uma decisão de compra programática. Não é uma decisão de compra chamada de eficácia imediata, como é a do varejo. Além disso, parte dos insumos é importada. Desde o pedido até a entrega esse processo leva em média 90 dias. Portanto, os insumos que elas receberam em setembro foi o que elas compraram no final de maio ou início de junho, em uma época em que o cenário era bem diferente do atual”.
.png)
Os insumos do mercado de autopeças são comuns em outros setores que tiveram um grande movimento para cima, isso fez com que a falta de mercadorias só se agravasse. Outro fator que contribuiu negativamente foi a desvalorização cambial e as exportações dispararam. “Parte da produção nacional de alguns insumos foi preponderantemente exportada. O volume de exportação de aço, por exemplo, que era de cerca de 50% da produção nacional, passou para quase 80%”.
Marco Flores, fundador da 2D Consultores Associados – Foto: Divulgação
Citando um estudo da FIESP, com a participação de 314 indústrias, Flores conta que 50% dos participantes disseram que no final de agosto estavam tendo um enorme problema para conseguir insumos. Lembrando que a decisão de compra é programática, “o que foi comprado no final de abril chegou no final de junho ou no início de agosto”, ele diz que a atual falta de insumos é corrigível, porém, corrigível programaticamente. “O que me faz prever que a normalização só acontecerá no próximo ano, a partir de fevereiro”.
.png)
“O que também aconteceu aqui, dado que alguns insumos são comprados diretamente do fabricante ou de alguns canais de distribuição, a indústria de autopeças foi impactada pelo aumento de preços. Os aumentos de preços que aconteceram até agora são uma parte, a outra parte, as indústrias terão que repassá-los no último trimestre deste ano”, conclui.
Termômetro
Ranieri Leitão, presidente do Sincopeças Brasil e do Sistema Sincopeças/Assopeças (CE) – Foto: Divulgação
Para medir o quanto o desabastecimento está afetando o mercado, Ranieri Leitão, presidente do Sincopeças Brasil e do Sistema Sincopeças/Assopeças (Ce), conta que foi feita uma pesquisa com varejistas e centros automotivos. “A pergunta foi: Em que nível está a entrega dos distribuidores quando vocês fazem a compra? A resposta foi praticamente unânime: - Nós compramos 10 itens e só recebemos 6, e de alguns distribuidores menos do que isso. Levando isso em consideração, o índice de desabastecimento é em torno de 40%”.
.png)
O que dizem os fabricantes
Head of Sales & Marketing – Brazil Aftermarket da DRiV (amortecedores Monroe), Edison Carvalho Vieira conta que com a pandemia o setor de autopeças inicialmente suspendeu as compras de forma abrupta, e que com a recuperação rápida dos últimos meses, as indústrias estão enfrentando dificuldades com a cadeia de fornecimento de matéria-prima, principalmente de aço e embalagens, itens que estão presentes em vários setores produtivos.
Edison Carvalho Vieira, Head of Sales & Marketing – Brazil Aftermarket da DRiV (amortecedores Monroe) – Foto: Divulgação
A defasagem é de cerca de 20% do volume total. “E isto também está impactando os custos na aquisição das matérias-primas”, diz Vieira, acrescentando que a perspectiva para este segundo semestre é de aumento de demanda comparado ao mesmo período do ano de 2019, e de crescimento nas vendas até março de 2021. “Para atender a esta demanda, contratamos cerca de 100 pessoas em nossas operações de produção e logística, e também antecipamos com nossos fornecedores as estimativas de consumo para os próximos seis meses”.
.png)
Na Dayco, o diretor de Aftermarket Latam, Marcelo Sanches, mostra um cenário similar. “A forte recuperação na demanda por peças no AM vem causando falta de matérias-primas e insumos em geral por toda a cadeia produtiva. Esse parece ser um problema não específico do AM brasileiro, mas mundial. E o acréscimo tem sido percebido de forma homogênea em todos os produtos comercializados pela Dayco, porém a escassez de matérias-primas e insumos se mostra mais preocupante em relação ao aço e papelão”.
Marcelo Sanches, diretor de Aftermarket Latam da Dayco – Foto: Divulgação
Para lidar com essa situação, ele conta que a Dayco vem buscando alternativas para suprir essa escassez geral dentro de sua rede de CD´s espalhada por todos os continentes, visando minimizar ao máximo os impactos no nosso mercado. “Estamos também procurando acelerar processo de validação de fontes alternativas de suprimento sem, contudo, abrir mão do padrão de qualidade exigido para nossos produtos”.
.png)
Sanches comenta que no curto prazo (3 meses) algum desabastecimento será inevitável. Já no médio e longo prazos, “nós estamos incrementando a produção local e acelerando processo de validação de fontes alternativas. Nosso investimento na nova fábrica instalada em Indaiatuba (SP) também tem contribuído de forma muito positiva nessa retomada, pois proporciona maior agilidade devido à integração de processos, pessoas e logística”.
Amaury Oliveira, diretor Executivo de Aftermarket para a América do Sul da Delphi Technologies – Foto: Divulgação
Amaury Oliveira, diretor Executivo de Aftermarket para a América do Sul da Delphi Technologies, informa que o desabastecimento é algo que já atingiu os seus fornecedores em diferentes matérias-primas. “Consequentemente, esse cenário resultou na dificuldade de finalização de determinados produtos”. E que por conta da preparação na pré-pandemia, eles conseguiram manter os volumes de entrega por um período mais longo. “Neste momento, estamos agindo em busca de soluções com fornecedores locais para continuar atendendo a demanda sem permitir que faltem determinados produtos”.
.png)
Questionado qual seria o caminho para evitar o desabastecimento, Oliveira avalia: “é difícil falar sobre como evitá-lo em um momento em que a maior parte dos fornecedores já está enfrentando falta de matériaprima. A empresa se preparou melhor no antes para não sentir tanto no agora. A produção local tem sido uma ótima opção para suprir esse aumento de demanda e permitir que a Delphi Technologies continue cumprindo seus compromissos de entrega”.
A situação dos distribuidores
Marcos Nunes Bezerra, diretor Comercial do Grupo Bezerra Oliveira – Foto: Divulgação
No Grupo Bezerra Oliveira, Marcos Nunes Bezerra, diretor Comercial, comenta que esta situação não é de agora. “Estou no mercado há 37 anos e esta situação vem se agravando nos últimos 20 anos. Para tentar ter competitividade, a indústria começou a enxugar demais seus estoques. Ela não tem estoque de matéria-prima para garantir dois ou três meses, o que ela produz hoje, ela entrega no dia seguinte”.
.png)
Na opinião da diretora Financeira, Claudia Nunes Bezerra Holanda, a situação é admissível. “Falta um planejamento que tenha mais gordura por parte das indústrias e a nossa esperança é que isso seja resolvido o mais rápido possível, porque ninguém esperava pelo que está acontecendo e ninguém quer perder venda. É completamente admissível o que está acontecendo, porque ninguém esperava esse aumento de demanda. A Bezerra Oliveira trabalha com um estoque para três ou quatro meses, se não tivéssemos nos preparados com esse estoque, com certeza, teríamos sofrido bem mais”.
Claudia N. Bezerra Holanda, diretora Financeira Grupo Bezerra Oliveira – Foto: Divulgação
O mesmo tem sido vivenciado na Odapel, conforme conta o diretor Comercial, José Augusto Dias (Jô). “A Odapel sempre trabalhou com um estoque bem ajustado, então não sofremos tanto. Principalmente no começo da pandemia houve uma queda de vendas e os nossos estoques que eram de três meses no primeiro mês, virou cinco. Voltamos a comprar normalmente a partir do dia 25 de abril, comprando o que estávamos vendendo e tentamos manter a originalidade da quantidade de estoque do começo da pandemia”.
.png)
Foco no cliente
Na avaliação de Ana Paula Cassorla, diretora de Marketing e Compras da Pacaembu Autopeças, “o mercado de distribuição está consumindo seus estoques e a reposição está lenta por parte da indústria. Por isso, nós estamos encontrando falta de produtos no mercado. Além do efeito de falta de produtos, estão havendo muitos aumentos de preços, o que vai impactar bastante no bolso do consumidor final, seja ele frotista ou dono do carro”.
José Augusto Dias (Jô), diretor Comercial da Odapel – Foto: Divulgação
A Pacaembu é uma empresa focada 100% em autopeças para veículos comerciais e a venda de peças para caminhões está bem aquecida. “A demanda já está alta. A questão é saber se ela vai continuar aquecida ou se estamos passando por um período especulativo onde as empresas buscam reabastecer seus estoques. De qualquer forma, entendemos que até dezembro, janeiro, a demanda deve continuar aquecida, pois a indústria regularizará sua carteira, recontratando equipe, colocando a roda para girar na mesma velocidade anterior à crise”.
.png)
Ela acrescenta que a Pacaembu possui uma estrutura forte de estoque e logística e conta com 30 filiais, todas com estoque e equipe comercial. “O cliente tem uma grande chance de encontrar o que procura, pois se não temos na filial mais próxima podemos atendêlo por outra unidade. Vamos sempre fazer o possível para conseguir atender à necessidade dos nossos clientes no menor prazo possível. Continuamos como sempre fizemos: trabalhando muito na reposição e no planejamento dos nossos estoques”.
Pressão no estoque
Ana Paula Cassorla, diretora de Marketing e Compras da Pacaembu Autopeças – Foto: Divulgação
Diretor e proprietário da Auto Norte, Carlos Eduardo Monteiro de Almeida (Cacai), afirma que o caminho é aumentar o estoque. “O desabastecimento já afetou os negócios, pois muitos fabricantes não estão entregando mercadorias e nós não estamos atendendo os nossos clientes como gostaríamos. Não dá para mensurar qual é a proporção de desabastecimento, uma vez que são vários fabricantes, de várias linhas de produtos diferentes. O único jeito é aumentar o estoque”.
.png)
Importação
Roland Setton, diretor Comercial da Isapa, comenta que, de fato, os problemas nas cadeias de suprimentos estão influenciando negativamente na produção de autopeças para o mercado de reposição. “Somado a esse fato, verificamos um aumento de demanda na ponta, em nossa opinião, de maneira reprimida em decorrência da pandemia”.
Carlos Eduardo Monteiro de Almeida (Cacai), diretor e proprietário da Auto Norte – Foto: Divulgação
No caso específico da Isapa, a maioria das peças comercializadas é importada, portanto, os problemas estão mais ligados à desvalorização cambial do que à dificuldade na cadeia de suprimentos. “Nosso estoque atual está atendendo às necessidades do mercado, porém, estamos verificando um aumento na demanda de nossos produtos. Por isso, nós estamos aumentando as compras no exterior, para nos adequar à atual situação”.
.png)
Ruptura
Na Jahu Borrachas e Autopeças, o diretor Comercial, Alcides Acerbi Neto, diz que houve um descolamento entre a retomada do varejo com a retomada das fábricas, agravados pela escassez de matéria-prima e insumos, resultado disso é o desabastecimento de peças. “Hoje, estimamos a ruptura dos estoques em torno de 25%. Para minimizar, nós estamos colocando programações junto às fábricas e oferecendo produtos similares até os níveis de estoques voltarem ao normal”.
Roland Setton, diretor Comercial da Isapa – Foto: Divulgação
Ele informa que a demanda em produtos tem sido geral. “Não existe uma linha específica de peças pedida, o mercado está por consumir todos os tipos de produtos para a reposição dos estoques e o desabastecimento ou ruptura ainda é uma preocupação”. E que, historicamente, o segundo semestre é sempre melhor que o primeiro. “Sendo assim, o aumento está previsto. Para poder atender satisfatoriamente o varejo, os pedidos estão sendo reforçados, mas como dito anteriormente, as fábricas não estão conseguindo acompanhar a demanda”.
.png)
Agravado nas curvas D e E
Diretor da Unidade de Negócios da DPK Distribuidora de Autopeças, Armando Diniz Filho, conta que os meses de março e abril foram desastrosos, as vendas caíram cerca de 65%, e que em a partir de junho as vendas foram voltando à normalidade. “Em julho já estavam em 85%, agosto chegou a 90% e agora está quase igual ao mesmo patamar do período de pré-pandemia”.
Alcides Acerbi Neto, diretor Comercial da Jahu Borrachas e Autopeças – Foto: Divulgação
E assim como todo o mercado, eles também estão sofrendo com o desabastecimento. “Muitas fábricas ainda não conseguiram acertar o nível de produção para o abastecimento. Os índices de ruptura de produtos estão muito grandes, antes, era de oito a dez dias o tempo para a fábrica produzir e nos entregar, hoje está em torno de quinze a vinte dias. Isso gera um descompasso no planejamento de produto”.
.png)
Aproximação com os fornecedores
Murilo Soler, gerente de Logística América Latina da SKF, conta que por diferentes razões, conforme o tipo de produto e aplicação, a cadeia de autopeças já sentiu reflexo no abastecimento dos estoques. “Em geral, com a forma abrupta em que o mundo se deparou com a Covid-19, as ações de quarentena, isolamento social e os fechamentos de fronteiras internacionais geraram o efeito “chicote” com a interrupção da cadeia de suprimentos”.
Murilo Soler, gerente de Logística América Latina da SKF – Foto: Divulgação
Percentualmente, ele informa que a disponibilidade de peças teve uma queda de 30% para pedidos recebidos. “E a nossa principal ação foi se aproximar dos fornecedores, entender a real capacidade de fornecimento e, em conjunto, traçar planos para reverter a carteira em atraso de toda a cadeia. Durante essa crise, ficou muito clara a necessidade de planejamento colaborativo para buscar aumentar o nível de serviço, onde é chave a análise de demanda para correta decisão de reposição dos estoques”.
.png)
“O fluxo importante para preparação dos estoques começa em um alinhamento com especialistas em vendas através de um fórum de S&OP, e a propagação dessa demanda para o restante da cadeia”.
Com esse alinhamento, Soler destaca algumas decisões tomadas para melhorar o nível de serviço: localização de fornecedores estratégicos, suporte de produção, desenvolvimento junto com time de compras de opções novas de fornecedores para atender alta de demanda e alinhamento de estoque de segurança em toda a cadeia. “Outro ponto de grande importância foi um projeto de otimização do centro de distribuição na SKF, concluído no primeiro semestre”.
Armando Diniz Filho, diretor da Unidade de Negócios da DPK Distribuidora de Autopeças – Foto: Divulgação
Além disso, a empresa está investindo em tecnologia e digitalização para a obtenção de informações de demanda, com dados mais assertivos, o que colabora para um planejamento mais eficaz. “E a busca pela melhoria contínua em nossos processos internos, com foco no cliente, tem sido de grande importância para alcançarmos um melhor desempenho. É fundamental para reverter o desabastecimento causado pela crise da COVID-19 a colaboração e aproximação de todos os pontos da cadeia de suprimentos”.
.png)
E, ainda, “o uso de tecnologia com certeza também é um diferencial, portanto investir no conceito de SC4.0 buscando conectar toda a cadeia e seus estoques, cadenciar as produções e prover informações em tempo real para cada parte são ações imprescindíveis para reduzir o índice de desabastecimento de peças no mercado”.
João Pelegrini, fundador do Grupo Pelegrini – Foto: Divulgação
No varejo
Fundador do Grupo Pelegrini, João Pelegrini, comenta o quanto a situação está complicada. “Estão faltando peças e a previsão é que isso só se normalize em 2021. Faltam insumos, principalmente de papelão para embalar as peças, e de aço e plástico para produzi-las. Outro ponto importante, os chineses estão produzindo mais do que nunca, o nosso País ficou barato (câmbio), o que aumentou exacerbadamente as exportações”.
.png)
Nesse cenário, Pelegrini conta o que eles estão fazendo para minimizar essa situação. “Nós temos um organismo muito grande de dedicação para que o problema seja resolvido. Vamos atrás de quem tem a peça, porém, o preço está subindo e já tem muitas pessoas esperando por determinados produtos em um prazo maior, pois ele não é encontrado em lugar nenhum. É uma situação que não imaginávamos antes, então, vamos ter que conviver com isso”.
Novos fornecedores
Jesse Perim, diretor Comercial da Perim Autopeças – Foto: Divulgação
Na Perim Autopeças, o diretor Comercial, Jesse Perim, expõe a situação, dividindo-a entre as linhas leve e pesada. “Desde junho já estamos sofrendo com o desabastecimento. Como a linha pesada foi classificada como serviço essencial nas autopeças, sofremos muito pouco com a crise, no final de março até parte de maio. Da segunda quinzena de maio para cá, tem crescido muito a demanda e os fabricantes não estão dando conta e o desabastecimento está piorando cada dia mais”.
.png)
Na linha leve, ele diz que a retomada está um pouco mais lenta. “Demorou um pouco mais para voltar esse mercado, ele está se recuperando, mas não como o da linha pesada, até porque caminhão é uma ferramenta de trabalho. Mas, como muitas fábricas produzem para ambas as linhas, a situação acaba sendo a mesma”. Além da alta do dólar, o que impacta nas importações de peças e insumos e, consequentemente, no aumento de preços.
“A demanda está superior à demanda normal, e o que está acontecendo é essa bolha: o fabricante não consegue dar conta de produzir, o varejo não está estocado e muito menos o nosso cliente, ele compra quando quebra o caminhão. Mesmo considerando que esta super demanda foi para cobrir a lacuna do período da pandemia, isso já foi superado e ela está muito superior ao mesmo período do ano passado”.
Marcelo Gianantonio, proprietário da Auto Peças Gian – Foto: Divulgação
Na Perim, eles lidam com essa situação da seguinte forma: “além do desabastecimento, uma das dificuldades enfrentadas é de aumento de preço, todos os dias por parte de alguns fabricantes. Nós estamos tentando desenvolver novos fornecedores, colocando pedidos para muito mais tempo de estoque, quem consegue nos atender, ótimo, quem não consegue, paciência. E focamos muito no importado, pois eles estão com menos dificuldades, mesmo com o dólar alto, estamos tendo que buscar peças fora”.
Marcelo Gianantonio, proprietário da Auto Peças Gian, conta que em nenhum momento eles pararam, houve uma queda brusca de movimento durante a pandemia e agora, a retomada. “Ainda abaixo do que era antes (85% do faturamento) e um dos motivos é a falta de peças em todas as linhas. Automaticamente, está ocorrendo aumento dos preços”.
Segundo ele, tudo indica que a demanda crescerá até final do ano. “Nós estamos tendo que diversificar nossos estoques em marcas similares, na necessidade de ter determinado produto, minimizando as faltas. E disparou o sistema de delivery e nós tivemos que aprimorar e aumentar a estrutura, pelo atual momento. Estamos também investindo em vendas online e marketing digital como alternativas para manter as vendas”.
Para finalizar, Gianantonio afirma que o mercado necessita aumentar a produção, pois a rede de distribuição está com estoque muito baixo, devido à parada de algumas fábricas na quarentena. “Além disso, outra iniciativa para minimizar esse problema, no meu entendimento, seria o Governo reduzir os impostos de importação para compensar a alta do dólar, visto que nosso mercado de autopeças depende muito dos importadores”.